Os reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 19 de junho e o aumento no consumo da luz devido ao frio chegaram ao bolso dos consumidores e a reação é de indignação e surpresa. Em algumas contas, a alta no valor chegou a 67% em dois meses. É o caso do empresário Luiz Carlos Tonet, diretor da Lujetec Automação Industrial.
— Revoltante e inadmissível — resume o empresário.
Em abril deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a Quarta Revisão Tarifária Periódica da RGE, que pertence ao grupo CPFL. Os índices ultrapassaram a barreira de 21% para residências e 19% para indústrias.
Empresários da Serra repudiaram a decisão e avisaram que, se aprovado o reajuste, a economia da região iria sofrer um impacto brutal. O Conselho de Consumidores da RGE tentou colocar um freio no reajuste convocando consumidores para uma audiência pública realizada na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias.
No encontro, a promotora Janaína de Carli dos Santos instaurou procedimento para apurar os índices. De nada adiantou, os reajustes chegaram acrescidos de bandeira vermelha patamar 2, com custo extra de R$ 50 a cada 1 MWh (megawatt-hora) consumido.
Faturas confusas
Se a dica para equilibrar as contas é economizar, famílias e empresas precisam de muito jogo de cintura. Tonet garante que todas as medidas estão sendo adotadas para conter o consumo na Lujetec, mas não tem mais como reduzir.
— Acho as taxas injustas. E o pior não sabemos como este dinheiro é investido.
Outro agravante destacado pelo empresário são as complicadas faturas.
— Impossível decifrar. Só um especialista consegue entender o que está descrito — denuncia Tonet.
A mesma opinião é compartilhada pelo empresário Pedro Dalmoro. Em sua empresa, precisou contar com a ajuda de um profissional da área para entender o que estava sendo cobrado. Em sua casa, mudou o sistema de aquecimento de água para a gás com a esperança de reduzir os valores.
— Mesmo assim a conta continua alta.
Mãe de dois filhos, a dona de casa Loriane Mattos também viu a conta saltar quase 70% de junho para agosto. Na fatura de junho, o valor era de R$ 190. A que recebeu a semana passada o valor passava de R$ 320.
— Não sei mais onde cortar consumo. O tempo de banho já foi reduzido pela metade e todas as lâmpadas da casa foram trocadas por outras mais econômicas. Não sei se vou conseguir pagar — reclama.
Grupo tem lucro de R$ 450 milhões
Enquanto o consumidor sente no bolso a alta das tarifas, o grupo CPFL Energia, que inclui as distribuidoras RGE e a RGE Sul, registrou lucro líquido de R$ 450 milhões no segundo trimestre de 2018, aumento de 265,5% em comparação com o mesmo período de 2017.
Entre as justificativas do bom desempenho também está a intensificação das ações das distribuidoras no combate às fraudes e furtos.
No primeiro semestre de 2018, as distribuidoras do Grupo realizaram 256.808 inspeções, um aumento de 56,3% em frente ao mesmo período do ano passado. Com isso, o volume de energia recuperada neste intervalo de comparação cresceu 57,3%, passando de 224,1 mil MWh para 384,2 mil MWh.
Investimentos
O Grupo CPFL garantiu, em nota, que o lucro retorna em investimentos que beneficiam todos os clientes. Em 2017, a RGE e a RGE Sul, distribuidoras do Grupo CPFL Energia, investiram R$ 803 milhões nas suas áreas de concessão. Os bons resultados do Grupo anunciados na última semana, se deram principalmente devido ao aumento de 4% nas vendas na área de concessão, com destaque para o crescimento de 5,7% da classe residencial.
“Disciplina na gestão de custos e despesas tiveram queda de 9,1%, para R$ 714 milhões. A despesa financeira líquida teve forte redução de 41,3% no período, para R$ 246 milhões, beneficiada pela redução na taxa de juros/custo da dívida”, diz a nota.